Você sabe que ruídos muito altos ou agentes tóxicos geram riscos à saúde física dos seus colaboradores. Porém, algumas situações sociais e condições de trabalho também podem afetar o seu bem-estar psicológico, causando adoecimento. Entenda nesse artigo o que são as doenças ocupacionais psicossociais e como preveni-las na sua organização.
O que são as doenças ocupacionais psicossociais?
Todos os trabalhadores dedicam uma grande parte do seu dia ao trabalho. Portanto, o ambiente organizacional no qual eles estão inseridos, assim como a relação que eles mantêm com seus colegas e gestores, têm uma grande influência na sua qualidade de vida e no seu convívio social.
Dessa forma, as condições de trabalho às quais o seu colaborador é exposto, assim como o ambiente da sua organização, podem afetar a sua saúde física e psicológica. O desequilíbrio entre as demandas e a capacidade do seu trabalhador, insegurança, erros de gestão ou ambiente de alta competitividade, por exemplo, podem gerar estresse contínuo para os funcionários da sua empresa.
Esse estresse faz com que o organismo do colaborador esteja em constante alerta, desencadeando uma série de reações de ordem biológica e psicológica que levam ao adoecimento.
As doenças de ordem psicológica causadas pelo ambiente de trabalho insalubre e situações de estresse são as chamadas doenças ocupacionais psicossociais. Elas costumam ter um desenvolvimento lento e silencioso, podendo levar meses ou anos para se tornarem evidentes.
Porém, as doenças ocupacionais psicossociais afetam o bem-estar e a qualidade do trabalho do seu colaborador desde o início, mesmo que ainda não tenham sido percebidas. Por isso, é extremamente importante que você entenda quais são essas doenças e os fatores de risco para o seu desenvolvimento.
Quais são os fatores de risco psicossocial?
Não existe um fator de risco específico para cada uma das doenças ocupacionais psicossociais. Isso porque várias condições de trabalho podem gerar esse tipo de transtorno. O transtorno gerado depende de uma combinação dos riscos ambientais e características individuais dos colaboradores.
Os fatores de risco podem ser relacionados à tarefa que o seu colaborador executa. Ele pode não ver utilidade no seu trabalho, para a empresa ou sociedade em geral. Além disso, a tarefa pode exigir competências e habilidades que ele não possui, ou oferecer risco à sua integridade física (como é o caso de policiais, por exemplo).
Esses fatores também podem estar relacionados à organização do trabalho em si. Ou seja, o seu colaborador pode estar sendo submetido a muitas horas de trabalho sem descanso ou a uma carga horária muito alta. Por fim, eles podem estar ligados à estrutura da organização, como falta de reconhecimento ou participação nas decisões da empresa.
Quais são as doenças ocupacionais psicossociais?
Todos os fatores citados representam riscos para o desenvolvimento de transtornos psicológicos no seu colaborador. Várias são as doenças que se enquadram nessa definição. Entenda agora quais são elas e quais os principais sintomas.
1. Síndrome do burnout
A síndrome do burnout é uma doença caracterizada pelo esgotamento físico e mental do colaborador. Ocorre quando a situação de trabalho é tão desgastante que o trabalhador começa a viver em um estado de constante tensão e estresse, tanto na vida pessoal quanto profissional.
Ela surge quando o colaborador é levado ao limite da sua capacidade por muito tempo. Seus principais sintomas são a agressividade, isolamento, irritabilidade, dificuldade de concentração, lapsos de memória e baixa autoestima.
2. Depressão
A depressão é caracterizada pela perda do prazer em realizar atividades, tanto profissionais quanto pessoais, desânimo, tristeza profunda e falta de motivação. Ela é considerada uma doença silenciosa, uma vez que a maioria das pessoas só percebe quando ela já está em um estágio evoluído.
Ela também vem de altos índices de estresse no ambiente do trabalho, principalmente quando o colaborador sente que não é capaz de realizar as tarefas que é solicitado. Porém, todos os fatores citados acima podem desencadear quadros depressivos nos colaboradores.
3. Síndrome do pânico
Ele é um tipo de transtorno de ansiedade caracterizada por crises de desespero e medo sem nenhum motivo aparente. Durante esses momentos, o indivíduo acredita que algo de ruim pode acontecer a qualquer momento.
Essas crises podem surgir em uma situação de estresse ou não. Elas duram aproximadamente 30 minutos e causam mal-estar, taquicardia, sudorese, angústia e falta de ar.
4. Transtorno do estresse pós-traumático (TEPT)
Esse transtorno é mais comum em colaboradores que trabalham em situações de risco e perigo real. Ele pode vir após um acidente com o próprio trabalhador ou seu colega, mesmo que ele não tenha realmente assistido ao evento.
Um trabalhador diagnosticado com TEPT revive a experiência traumática de forma involuntária e recorrente, revivendo, inclusive, as mesmas sensações do momento. Ele então passa a evitar tudo que lembre o trauma e perde o interesse pelas suas atividades.
5. Ansiedade generalizada
Esse transtorno é caracterizado por uma preocupação excessiva constante sem motivo aparente. O colaborador com esse diagnóstico passa a maior parte do seu dia com sintomas de ansiedade, mesmo que não esteja em uma situação de risco real.
Apesar de ter consciência de que a sua preocupação é maior do que o necessário, ele não consegue controlar. Isso gera dificuldade de concentração, fadiga e irritabilidade, além de sintomas físicos como taquicardia.
Como tratar e evitar as doenças ocupacionais psicossociais?
Em primeiro lugar, é essencial deixar de lado a culpabilização individual do seu colaborador. Ou seja, quando o seu trabalhador desenvolve uma doença ocupacional psicossocial, ele corre o risco de ser considerado fraco pelos colegas e gestores, como se não tivesse dado conta do trabalho.
Mas esse tipo de transtorno vai muito além das capacidades produtivas do seu colaborador. Ele está relacionado com o ambiente como um todo e envolve toda a sua equipe de funcionários. Ele está ligado à forma como são feitas as exigências de resultado dentro da sua empresa, assim como o tipo de relação estabelecida entre o seu time de colaboradores.
Portanto, apesar de tratamento individual do funcionário adoecido ser essencial, com indicação de atendimento psicológico e reabilitação para o trabalho, ele não terá resultados sem mudanças no ambiente organizacional como um todo.
Para evitar novos adoecimentos, é essencial promover mudanças culturais dentro da sua organização. Invista em um ambiente de trabalho mais colaborativo, com maior integração e apoio entre os colaboradores. Além disso, deve-se revisar as suas práticas de gestão e de avaliação de resultados empregados na sua empresa.
Procure escutar as demandas dos colaboradores e encontrar soluções para os problemas indicados. Faça avaliações constantes do bem-estar e qualidade de vida dos seus funcionários. Busque descobrir com eles quais são os pontos críticos da sua organização e que tipo de intervenção vai gerar mais resultados na melhoria desses indicadores.
Também é interessante consultar uma equipe de especialistas em segurança e medicina do trabalho. Esses profissionais estão mais capacitados para identificar e reduzir os riscos ocupacionais no ambiente da sua organização.
Portanto, é essencial cuidar do ambiente de trabalho da sua empresa para evitar que os seus colaboradores desenvolvam doenças ocupacionais psicossociais. Além de impactos na qualidade de vida do funcionário, elas trazem um aumento da rotatividade, absenteísmo e menor produtividade. E para tirar dúvidas ou dar sua opinião, deixe um comentário abaixo!
Nossa me indentifiquel com muita coisa
Nossa descrevi
Meu nome é Cláudio, sou bancário há 18 anos. Estou atualmente afastado há mais 1ano e meio do trabalho, por TAG e Burnout. No início a médica diagnosticou como TAG, mas seis meses depois veio o diagnóstico de Burnout. Desde o início estou sendo tratado por um psiquiatra e uma psicóloga. Vou ao médico 1 vez por mês e tenho duas horas semanais de sessão com a psicóloga, que foi indicada pela empresa e que me ajuda muito a compreender tudo isso que se passa comigo e buscar uma forma de ter uma vida saudável novamente, primeiro pessoal, depois profissionalmente.
Foram mais de seis anos com muitas dificuldades para pegar e manter o sono. Pesadelos frequentes, vários durante a mesma noite, com muita gitação na cama. Os pesadelos eram muito reais e eu chego a acordar e continuar com o pesadelo, mesmo tendo a certeza de estar acordado. Até hoje tenho esses episódios de vez em quando. Tomo algumas medicações para fazer esse controle. De tempos em tempos mudam os remédios. Tem surtido efeito para dormir mais tempo, mas continuam os pesadelos, não na mesma intensidade, mas ocorrem diariamente.
Demorei muito para pedir ajuda nos primeiros sintomas, na verdade achava que era somente cansaço da rotina pesada do banco, mas a coisa foi tomando proporções bem mais sérias. Começaram as dificuldades na memória, não guardava mais nomes, algumas rotinas, confundia muito coisas triviais e esquecia compromissos e coisas banais como canetas, chaves, etc. Tive que ir me adaptando a isso. Escrever todos os compromissos, marcar onde deixava as coisas, anotar no bloco de notas do celular, colocar alarmes. Transferi a atribuição do meu cérebro para o celular ou um pedaço de papel. Isso era muito vergonhoso pra mim. Fazia esforço pra lembrar, mas qualquer coisa me distraia a atenção. Minha concentração foi se esvaindo e, com ela, minha autoconfiança. Processos que eu fazia em 20 minutos passaram para 40 minutos e depois mais tempo ainda, e, mesmo assim, eu ficava achando que podia estar errado. Eu checava mas não confiava no resultado. É óbvio que a produção caiu. Daí me vi obrigado a dedicar mais tempo para fazer o mesmo resultado de antes e, cada vez mais tempo… Preocupação em excesso por não estar dando conta das metas e das responsabilidades da meu cargo de gerente de relacionamento. As metas são muito altas e a cada mês tem os incrementos… A única certeza que temos é que hoje está melhor que amanhã, porque a meta fatalmente será maior!
A irritabilidade foi se tornando frequente durante todo o tempo em que eu estava acordado. Até hoje não consigo relaxar completamente. Tenho uma necessidade, quase que de sobrevivência, de ficar vigilante o tempo todo, antes era com os clientes, suas demandas e o atendimento das metas impostas pelo banco. Fechar essa equação demanda muita habilidade e jogo de cintura o tempo todo. Geralmente são produtos que o cliente não precisa e que se fossem ofertados da forma correta, dificilmente sairiam das prateleiras.
Desculpem o excesso de descrição e a ordem meio bagunçada, mas segundo a minha primeira psiquiatra, estou bem prolixo.
Quando fui afastado pela primeira vez, estava totalmente desorientado e a única preocupação era de não entrar no INSS e não me afastar da carteira de clientes, porque o resultado cairia e, com isso, a avaliação da carteira despencaria, levando ao descomissionamento do funcionário. Isso é visto pelos funcionários, quase como uma demissão, porque o salário cai para pouco mais de 1/3. Acabei ficando mais de 15 dias afastado e entrei pela primeira vez no INSS, depois de quase 30 anos de trabalho. Daí pra frente foi muito sofrimento ainda, mais de 4 meses para acertar a medicação e conseguir dormir. Uma inquietação absurda, não conseguia ficar em casa parado, não conseguia me concentrar em nada pra fazer. Só pensava que seria descomissionado ou demitido.
Achava que não tinha mais condições de trabalhar. Depois queria ser internado para não causar transtornos para a minha família também, porque isso mudou toda a rotina da casa, bem no início da pandemia do coronavirus. Pedi para voltar ao trabalho, com medo de perder a comissão. Não deu certo, depois de duas semanas, não tinha condições nenhuma de continuar. Parecia que eu estava em um ambiente totalmente diferente. Não confiava em nada que fazia, confundia quase tudo. Os colegas foram muito prestativos em me ajudar, mas, mesmo assim eu não conseguia acompanhar o ritmo. Foi muito desesperador. Tinha que tomar os comprimidos de SOS toda hora e mesmo assim, o coração parecia quando e iria saltar pela boca, o corpo todo tremia. Parecia que iria acontecer alguma coisa muito ruim a qualquer momento. Num ato de grande desespero, pedi demissão, mas fui convencido pelos meus colegas a declinar da decisão e retomar o tratamento.
Desde então, com altos e baixos, estou afastado do trabalho, mesmo com várias inconsistências do INSS, mas a empresa tem dado todo o apoio financeiro e de saúde até então.
O fato é que as doença psicossociais são muito negligenciadas até mesmo pelas pessoas que as sofrem . Tem toda uma atmosfera de desconfiança e menosprezo porque é uma doença que não se vê e não existe um exame que acuse, somente o diagnóstico do médico. Fora o estigma que a pessoa começa a carregar: que roeu a corda, não deu conta do recado, pediu pra sair, fracassada, perdedora, frágil ou mesmo, faz corpo mole.
Não tenho mais vergonha de dizer que estou com problemas de ordem mental, psicossocial, causados pelo ambiente altamente estressante do trabalho bancário. Não sou o único, tem vários outros colegas com os mesmos problemas, afastados, muitos ainda trabalhando e outros adoecendo lentamente. Parece um ciclo interminável que leva sempre à doença. Isso precisa ser mudado!
Os sintomas de Burnout também permeiam os sintomas da depressão, pânico, transtorno do estresse pós traumático e transtorno de ansiedade generalizada. No meu caso pode ser pelo fato do diagnóstico de TAG e Burnout.
Foi muito bom compartilhar um pouco do que estou passando. É muito difícil passar por isso tudo, mas tenho fé em Deus que vou vencer!
Parabéns, eu falo para todos que vem para exame médico de afastamento ou para retorno ao trabalho pelo mesmo motivo :
O inicio da cura está na aceitação da doença e procura pelo tratamento.
Ainda existe muito preconceito e desconhecimento das pessoas sobre as doenças psiquicas. As pessoas alcham que é bobagem, falama que vai passar, acham que não é uma doença e a pessoa acometida fica pensando que é fraco se culpando pela doença. Mas como qualquer doença existe tratamento e voce está no caminho certo.
O burnout é a doença do século e já foi reconhecido como doença ocupacional pela OMS, e principal causa de afastamento do trabalhador.
Parabens tambem pela sua empresa que está dando apoio.
Olá, amigo. Não desista nunca, continue fazendo o que for possível pra levar adiante sua vida. Que pra vc pode até ser pequena, mas pra muiras pessoas vc é muito, muito importante.
Também tenho 1000 problemas. Mas vamos seguindo adiante. Com força e fé que amanhã… (algum dia), vamos ficar bem. Se não der pra ver o amanhã, olhe pra trás e veja que vc fez muito, foi muito. Alguma coisa há de ser válida. E é. Vc tem grande validade pra pessoas que te amam. Abraço meu e de muitos que estão no mesmo barco que vc.
Siiim tirar das desepisoens um aprendizsaado
O univeso e lindooo